É um estudo onde procuram identificar traços de Don Juan na obra (e vida) da poetisa.
O estudo está disponível na internet no link: http://www.seer.ufrgs.br/index.php/NauLiteraria/article/viewFile/5094/2921
Abaixo, um belo poema de Florbela Espanca, que mostra bastante de nosso Don Juan.
Amar!
Eu quero amar, amar perdidamente!
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
ameiiiiiiiiiiiiii
ResponderExcluirRealmente o poema retrata a vida de Don Juan. Uma vida que vai além do prazer, ou seja, está na via do gozo. Um gozo que invade o corpo, e que não se localiza na linguagem apenas, pois linguagem aqui é pouca ou "não-sabida que se sabe". A recusa é de um nó que norteia, da castração (aquilo que barra o sujeito entre o "sim" e o "não"). Recusa que faz parte da estrutura perversa, é nela que habita a sedução nua e crua. Atrelada a este jogo que mais revela do que vela, a admiração e o espanto (horror) andam juntos, como o ódio e o amor na rotina dos enamorados. A sedução é audaciosa. O outro pode se encantar ou repudiar ao vê-la e percebê-la. Fica a escolha do freguês! O interessante é admirar a sedução com moderação, nunca negá-la por completo. A não ser que ocorra sublimação, aí já é outro "porém". Reprimir nossos desejos sexuais, libido, é negar a vida. É viver deixando de lado a experiência da completude-incompleta que nomeia o prazer, a nossa existência. Entre o choque da pura culpa e do puro gozo, o duplo de Don Juan acha o caminho do meio e tenta assim ser feliz. Fica a dica para quem quiser também tentar!!!
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